Golfinho-roaz
O golfinho-comum, golfinho-nariz-de-garrafa, golfinho-roaz ou roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) é talvez a mais famosa e conhecida espécie de golfinho no mundo inteiro. Não somente por ser a espécie do famoso golfinho da série de televisão Flipper, mas também em função de sua distribuição ao longo de águas costeiras e oceânicas em todos os mares do planeta com exceção dos mares polares. Desde 1920 passou a ser capturada para estudos e shows em cativeiros, e é a espécie mais comum nos parques temáticos. No Brasil, distribui-se em águas próximas à costa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a partir de onde pode ser encontrada em águas mais afastadas da costa até o nordeste. Os maiores golfinhos-nariz-de-garrafa do mundo estão no Brasil, na Lagoa dos Patos, onde podem alcançar 4 metros de comprimento. Em Portugal, é comum avistar-se roazes-corvineiros nas águas do Rio Sado, ao largo de Setúbal.
O Roaz
Nome comum:
Roaz
Outros nomes:
Roaz-corvineiro
O nome Roaz-corvineiro tem origem nos seus hábitos alimentares e de comportamento. “Roaz” provém do seu hábito de roer as redes dos pescadores, com o propósito de lhes roubar o peixe. “Corvineiro” deriva de uma das presas preferenciais desta espécie - a corvina.
Características
Classe: Mammalia
Animais com pêlo epidérmico, glândulas sudoríparas, odoríparas, sebáceas e mamárias (produção de leite para amamentação de crias), dentição diferenciada, cérebro e sistema nervoso muito desenvolvidos e fecundação interna.
Ordem: Cetacea
Animais marinhos, que respiram por pulmões, com corpo adaptado ao meio aquático (hidrodinâmico) sem membros posteriores e com membros anteriores adaptados à natação transformados em barbatanas. Possuem um excelente sentido auditivo e várias camadas de gordura isoladora para os manter quentes.
Família: Delphinidae
É a família com maior número de espécies. Inclui todos os golfinhos oceânicos e algumas espécies costeiras e parcialmente fluviais, bem como algumas baleias com dentes.
Género: Tursiops
Género de golfinho cosmopolita
Morfologia / Identificação
Comprimento:
2-4 m (adulto)
0,9-1,3 m (recém-nascido)
Peso:
150-600 Kg (adulto)
25-30 Kg (recém-nascido)
Espécie com morfologia muito variável consoante a região geográfica que habita, podendo igualmente observar-se alguma variação morfológica entre indivíduos da mesma região.
O Roaz-corniveiro apresenta uma coloração geral escura, com os flancos cinzento-azulados, mais claros que o dorso, e parte ventral da metade anterior do corpo mais clara, podendo mesmo apresentar-se branca, ligeiramente acinzentada ou rosada. Salienta-se a existência de uma estria escura que se estende desde o olho até a barbatana peitoral. As barbatanas são escuras.
Apresenta, em geral, cabeça e corpo robustos.
As barbatanas peitorais são longas e esguias, com extremidades pontiagudas e bases largas. A barbatana caudal, em posição horizontal, apresenta um V distinto a meio, lobos côncavos e as extremidades recurvadas para trás. A barbatana dorsal, de forma falciforme, apresenta uma base larga e extremidade adunca, podendo o centro da barbatana ser mais claro que os bordos. O bordo posterior da barbatana dorsal é menos espesso que o anterior, sendo facilmente fragmentado. Os cortes e incisões do bordo posterior, bem como a forma e inclinação da dorsal, permitem identificar individualmente os diferentes indivíduos.
Comportamento
É uma espécie muito sociável que ocorre em pequenos grupos (1-10 indivíduos) nas populações costeiras ou em grupos maiores (1-25 indivíduos) nas populações oceânicas, que habitam o mar aberto. Nas zonas oceânicas podem observar-se excepcionalmente, grupos que podem atingir os 500 indivíduos. Por vezes observam-se indivíduos isolados, que correspondem, geralmente, a machos solitários.
O roaz pode associar-se facilmente a tubarões, tartarugas marinhas ou até mesmo a outros cetáceos, podendo “cavalgar” e saltar nas ondas provocadas pela deslocação de grandes baleias.
O roaz é um nadador rápido e vigoroso que mostra, geralmente, a testa quando emerge e muito raramente o bico. Efectua mergulhos até 4 minutos, junto à costa, podendo ser mais prolongados ao largo. É muito activo à superfície efectuando batimentos caudais, saltos e variados movimentos acrobáticos, o que o tornam numa espécie muito procurada para delfinários e aquários.
Reprodução
Os machos atingem a maturação sexual entre os 8-14 anos e as fêmeas entre os 5-12 anos. Estas têm um longo período de gestação – 12 meses – após o qual nasce apenas uma única cria, com cerca de 1 m de comprimento, pesando até 30 kg. As crias são amamentadas com leite materno durante cerca de 18 meses mas ficam ainda dependentes da progenitora durante um período considerável de tempo (2-6 anos). Este longo período de dependência implica intervalos entre gestações de 2-3 anos.
Alimentação
A alimentação do roaz consiste numa grande variedade de peixes (tainhas, carapaus, sardinhas, anchovas, enguias, etc.) cefalópodes (chocos e lulas) e alguns crustáceos. Apesar de ser generalista e oportunista, com a capacidade de adaptar a sua dieta à disponibilidade de presas, pode, consoante a área geográfica, apresentar um conjunto de presas preferenciais.
A estratégia alimentar do roaz depende do habitat e da disponibilidade de presas, mas também da própria dinâmica do grupo. Em algumas áreas os animais formam grupos que perseguem os peixes até junto à praia. Noutras cooperam com os pescadores, quer na identificação dos cardumes, quer no seu cerco. São ainda frequentemente observados indivíduos a arremessar presas pelo ar, situação por vezes interpretada como comportamento de jogo.
Estatutos de conservação
O roaz está protegido por legislação internacional, comunitária e nacional:
- Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES);
- Convenção relativa à Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais (Convenção de Berna);
- Acordo sobre a Conservação de Cetáceos no Mar Negro, Mar Mediterrâneo e Zona Atlântica adjacente (Acordo ACCOBAMS);
- Directiva Habitats (transposta para a ordem jurídica interna através do Dec.-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, com nova redacção dada pelo Dec.-Lei nº 49/05 de 24 de Fevereiro);
- Dec.-Lei nº 263/81 de 3 de Setembro – confere protecção de todas as espécies de mamíferos marinhos na ZEE portuguesa;
- Dec.-Lei nº 9/06 de 6 de Janeiro – regulamenta a actividade de observação de cetáceos nas águas de Portugal Continental.
Em Portugal a espécie foi classificada com o estatuto de ameaça “Pouco Preocupante”, de acordo com os novos critérios definidos em 2003 pela UICN (União Mundial para a Conservação).
Encontrou um golfinho na praia?
Rede de actuação para arrojamentos
O que é um arrojamento?
O aparecimento de golfinhos nas praias (mortos ou vivos) é um fenómeno frequente, denominado por arrojamento, que ocorre em todas as regiões do mundo onde estes animais habitam.
Porque acontecem?
- Causas naturais;
- Doenças;
- Ferimentos;
- Problemas de orientação;
- Acção humana.
Qual a importância do seu estudo?
Quando estes animais dão à costa é possível recolher dados que poderão ajudar a determinar as causas do arrojamento e que constituem uma fonte de informação sobre a biologia e ecologia dos mamíferos marinhos.