Águia-Caçadeira

 

 

Identificação da espécie 

ž Nome comum: Tartaranhão-caçador; Águia-caçadeira

ž Nome científico: Circus pygargus

ž Família: Accipitridae

ž Fenologia: Nidificante estival.  

Habitat

Utiliza solos secos ou húmidos (incluindo terrenos agrícolas), charnecas, dunas e turfeiras. Também se adapta a zonas arbustivas com Ulex e áreas plantadas com coníferas jovens, urzais e até campos de milho; em condições favoráveis tendem a reproduzir-se em zonas húmidas. Frequenta áreas predominantemente desarborizadas. Na região mediterrânica 90% dos casais nidificam no interior de searas mas em latitudes superiores são essencialmente escolhidas áreas de vegetação herbácea natural, matos baixos e plantações florestais recentes. Em Portugal, segundo Franco (1995), as maiores densidades encontram-se associadas às culturas cerealíferas a sul do Tejo, mas há casais que nidificam em dunas do litoral algarvio, sapais do estuário do Tejo e em matos e culturas de centeio dos planaltos serranos do Norte e Centro do país. Claro (2000) afirma, com base num estudo realizado em Évora, que a espécie prefere searas de trigo, aveia ou cevada em detrimento de pousios em geral sobrepastoreados Os ninhos concentram-se também em áreas com maior proporção de searas e com maior comprimento de orlas (limites de parcelas e linhas de água), por constituírem locais preferências de obtenção de alimento (Claro 2000).

Fora da época de nidificação demonstra pouco interesse por zonas húmidas e pela vizinhança de lagos ou águas interiores. As presas, segundo Claro (2000), são capturadas predominantemente em searas e ao longo das orlas entre diferentes tipos de uso de solo ou ao longo de linhas de água com vegetação herbácea espontânea; não caça habitualmente em zonas abertas. Dorme de noite no solo. Na área de nidificação, até à postura, tanto o macho como a fêmea dormem separadamente no território; o macho pode no entanto dormir a 6-8 km do ninho, frequentando locais comuns de dormida com os não reprodutores. Quando o calor é muito, tanto o macho como a fêmea procuram abrigo em baixo de ramos de coníferas.

Alimentação

O Tartaranhão-caçador captura essencialmente pequenas presas – ortópteros, pequenos répteis, passeriformes, micromamíferos e pequenas crias de aves e mamíferos. Embora seja considerado um predador generalista, a sua dieta pode apresentar especificidade a nível local na selecção de presas. No Alentejo, Franco et al. afirma que, as presas dominantes são os ortópteros, aves e pequenos mamíferos.

Reprodução

Espécie semi-colonial, ainda que possa nidificar isoladamente em áreas com baixa densidade de casais. Normalmente monogâmicos, a relação é de duração sazonal. Nidifica no solo, sendo o ninho construído pela fêmea com material vegetal: caules de gramíneas, espigas e restolhos.

Ameaças

A actividade da ceifa, segundo Claro (2000), para os casais nidificantes nos campos cerealíferos, constitui o principal factor de insucesso reprodutivo, não tanto pela destruição directa dos ninhos mas pelo facto de ao ser cortada a vegetação, estes tornarem-se mais vulneráveis à perturbação pelo homem e à predação natural. Quando a ceifa é efectuada durante a incubação, regista-se 90-100% de insucesso reprodutivo. O facto de os ninhos poderem estar agregados na mesma parcela agrícola com feno ou cereal, determina o incremento do risco de afectação pela actividade de ceifa.

Medidas de conservação

Esta espécie tem sido alvo de projecto de salvamento de ninhos, com vista a reduzir a mortalidade decorrente da ceifa e testar a eficácia de diferentes medidas preventivas (Claro 2004). Este projecto foi recentemente reforçado através de integração desta vertente num projecto Interreg. Conservação da Fauna Ameaçada das Regiões Alentejo,

Centro e Extremadura. FAUNATRANS/SP4.E16. (Claro et al. in press), incluindo realização de inquéritos e acções de sensibilização junto a agricultores, com a colaboração das respectivas associações.

Está incluída num plano nacional de acção para a conservação de aves estepárias (Almeida et al. 2003), sendo fundamental a implementação do mesmo.  


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